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Cuidados paliativos na oncologia e o papel do nutricionista

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, cuidado paliativo não significa que nada mais pode ser feito pelo paciente, quando cessa a indicação médica de terapêuticas curativas. 

Apesar de serem associados à assistência prestada aos pacientes no final da vida, os cuidados paliativos podem (e devem) ser instituídos precocemente, sendo indicados até mesmo a partir do diagnóstico. 

A Organização Mundial de Saúde afirma que os cuidados paliativos são uma parte crucial dos serviços de saúde integrados e centrados nas pessoas, cuja principal finalidade é aliviar o sofrimento grave relacionado à saúde. 

O sofrimento pode ser de ordem física, psicológica, espiritual e social, sendo portanto uma responsabilidade ética global. 

Vamos falar mais sobre isso? Continue a leitura!

Os cuidados paliativos na Oncologia

É importante observar que, nos cuidados paliativos, os princípios e referenciais da Bioética se fazem presentes em cada decisão e atitude. 

A equipe multiprofissional envolvida nos  cuidados paliativos deve sempre considerar a necessidade de reflexões profundas acerca das medidas aplicadas em cada caso, primando a beneficência e os objetivos do cuidado levando em conta as vontades do paciente e de sua família. 

Dentre os princípios fundamentais dos cuidados paliativos, destaca-se:

  • Promoção do alívio da dor e de outros sintomas que ocasionam estresse;
  • Reafirmação da vida, vendo a morte como um processo natural;
  • Não pretensão de antecipar ou postergar a morte;
  • Melhorar a qualidade de vida, podendo influenciar positivamente o curso da doença;
  • Atuação com competência cultural, reconhecendo de forma adequada os valores e funcionamento das famílias atendidas; entre outros.

Pacientes oncológicos frequentemente se encontram no rol dos cuidados paliativos, aos cuidados de uma equipe multiprofissional que usualmente inclui o profissional nutricionista. 

Para atuação em cuidados paliativos, o nutricionista deve compreender os fundamentos desse tipo de assistência, tendo em mente que nem sempre será possível direcionar a dietoterapia para recuperação do estado nutricional; na maioria dos casos, o foco principal da terapia nutricional estará em controle de sintomas e medidas de conforto. 

O papel do nutricionista

Considerando o que abordamos anteriormente sobre princípios bioéticos em cuidados paliativos, o nutricionista deve respeitar principalmente a autonomia do paciente, bem como a participação direta da família no processo de cuidado. 

Algumas habilidades fundamentais na prática clínica e, em especial nos cuidados paliativos, são comunicação e escuta empática, fornecendo orientações em linguagem de fácil entendimento, acolhendo e esclarecendo as dúvidas dos pacientes e familiares.

O nutricionista deve atuar ativamente junto à equipe multidisciplinar, discutindo em conjunto as melhores condutas para o paciente considerando o curso da doença, a gravidade de sintomas decorrentes tanto da própria doença avançada quanto de reações adversas ao tratamento medicamentoso, estado nutricional, entre outros fatores. 

Dessa forma, os objetivos do suporte nutricional na oncologia em cuidados paliativos serão modificados conforme a evolução do quadro do paciente. Em estágios iniciais em que o paciente ainda se encontra em tratamento, a prioridade é atingir as necessidades nutricionais com vistas à recuperação ou manutenção do estado nutricional. No fim da vida, o foco principal será o alívio do sofrimento e melhora da qualidade de vida.

É muito comum encontrar redução da ingestão alimentar em pacientes oncológicos, decorrente de vários fatores: anorexia, náuseas, vômitos, disfagia, rebaixamento de nível de consciência, depressão, obstruções mecânicas, alteração no paladar, saciedade precoce, fadiga, dor, delirium, dispneia, entre outros. 

Assim, o nutricionista deve propor intervenções nutricionais adequadas visando amenizar sinais e sintomas que interferem tanto na ingestão alimentar quanto no estado nutricional do paciente. 

Para orientação da conduta nutricional, no Brasil temos o Consenso Nacional de Nutrição Oncológica desenvolvido pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA, que pode ser acessado aqui (https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/consenso_nacional_de_nutricao_oncologica_-_2a_edicao_2015_completo_0.pdf). 

Planejamento das intervenções nutricionais

O planejamento das intervenções nutricionais requer um cuidado extra em cuidados paliativos, considerando que a alimentação não está somente relacionada ao ato de nutrir o organismo, mas envolve aspectos culturais, emocionais, sociais e religiosos. 

Conhecer o quadro clínico, o prognóstico da doença, o estado nutricional e a expectativa de vida do paciente é fundamental para uma assistência nutricional adequada ao paciente em cuidados paliativos, visando otimizar a manutenção do peso e a composição corporal, controle de sintomas e hidratação adequada. 

O estabelecimento de um bom vínculo profissional-paciente também é importante para resgatar as memórias e experiências individuais dos pacientes com os alimentos. Respeitar essas questões e propor condutas adequadas em termos de via de administração da dieta, composição nutricional e preparações ofertadas ao paciente constituem um processo desafiador. Assim, ter conhecimento aprofundado sobre o tema e experiência no atendimento a pacientes oncológicos em cuidados paliativos faz total diferença na condução de uma assistência nutricional especializada e de qualidade. 

Tem interesse em se especializar nesse assunto? Então venha fazer parte do nosso time!

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